E agora?
Muita coisa vai mudar na volta às aulas depois desta pausa forçada que o COVID-19 nos impôs. Tudo indica que não voltaremos mais a tudo aquilo que conhecíamos há 4 ou 5 meses. É o tão falado “novo normal”.
Como se adaptar à esta nova realidade? Muitas coisas que fazíamos terão que ser mudadas. Muitos processos que não existem precisarão ser criados, muitos procedimentos ser redefinidos. A higiene, a medição de temperatura dos alunos e funcionários, o EPI, o distanciamento, a subdivisão das turmas, a separação presencial X on-line… Temos mais dúvidas do que certezas. E uma preocupação…
Como lidar com tudo isto? Ainda mais com o caixa da escola sendo atacado fortemente, seja pela inadimplência, seja pela evasão. Isto tem tirado o sono de muitos gestores com quem temos conversado.
Não é à toa. O número de escolas que encerrou a sua operação neste ano é assustador. Principalmente as escolas de educação infantil. Ninguém estava preparado para esta nova realidade. Vamos precisar nos adaptar rapidamente. Muito rapidamente. Não conseguimos enxergar um modelo de sobrevivência e prosperidade que não passe pelo cuidado com a equipe, pelo aumento da percepção de valor dos clientes e pela gestão madura do caixa. Tudo isto apoiado fortemente pela tecnologia.
É preciso cuidar da equipe (e de nós mesmos)
Nesta hora, em que tudo parece desmoronar, os alicerces que temos de mais sólido para nos apoiar são: a nossa equipe e os valores virtuosos nos quais as nossas relações foram construídas.
Muitas decisões amargas tiveram que ser tomadas. Muitas atitudes impopulares tiveram que ser adotadas.
Nunca havíamos vivido nada parecido. Não havia manual de instrução disponível.
Mas agora não é mais hora de ficar chorando pelo que era. Existe uma nova realidade. Ponto. E a única decisão cabível é seguir em frente ou… Seguir em frente.
Ninguém que atua no mercado educacional pode declarar que os negócios estão as mil maravilhas. Não estão. Mas, olhando para escolas e negócios que estão conseguindo passar pelos obstáculos com mais firmeza e aquelas que não, gostaria de apresentar aquilo que chamo de segredos da gestão de pessoas em tempos de crise:
1. Reforce o conceito de time. Reúna o time todo. Se não for possível, chame cada um dos “formadores de opinião”, aquelas pessoas com alta ascendência sobre os demais. Independente do cargo. Traga-os para perto de você. Com sinceridade, explique que a sobrevivência do negócio e dos empregos depende de… TODOS. Faça-os “comprar” e espalhar esta ideia.
2. Seja transparente. A realidade continuará difícil por um bom tempo. É preciso que todos na equipe tenham ciência disto. Compartilhe suas preocupações e suas esperanças. Lembre que todos estão inseguros. Mostre o caminho. E responda tudo o que as pessoas perguntarem. Com transparência. As pessoas estão esperando por isto.
3. Crie combinados sólidos. Não poupe tempo esclarecendo quais as novas regras do jogo. Como será a remuneração do teletrabalho? Qual o preparo que sua equipe precisará ter neste novo momento? Que equipamentos cada um precisará? Como serão as relações pessoais no trabalho? Não tenha medo de colocar assuntos delicados em pauta. E registre tudo. Preferencialmente com as assinaturas de todos os envolvidos. Como dizem nossos avós: “O que é tratado não é caro”
4. Dê espaço para o novo. Transforme sua equipe em uma usina de ideias (não numa oficina de reparos). Incentive seu time a trazer novas ideias para o negócio. Participação gera comprometimento. Existem muitas oportunidades de evolução do seu negócio escondidas esperando para serem descobertas por outros olhares. A criatividade é como um músculo. Precisa de exercício e persistência.
5. Crie novas competências. Capacite os profissionais do seu time. “E o que há algum tempo era jovem e novo, hoje é antigo. E precisamos todos rejuvenescer.” Talvez nunca tenhamos visto uma situação onde novas competências são tão necessárias. E isto não quer dizer obrigatoriamente um grande investimento. Conhecimento passou a ser o maior ativo. Procure, escolha, não se conforme.
6. Seja resiliente. Pode não ser fácil. Crie uma rotina de automotivação. Acorde, desenhe mentalmente (ou coloque no papel) o que deseja para o dia. Coloque-se em movimento. Encare os problemas de frente. Concentre-se no vital. Aprenda a gostar do que você precisa fazer. E no outro dia… Faça o mesmo. Seja exemplo. As pessoas do time estão esperando para se inspirar em você.
Um provérbio africano de autoria desconhecida trata muito bem desta questão:
“Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá em grupo.”